As despesas financeiras e não financeiras representam uma rubrica importante na contabilização dos trabalhadores independentes e das PME. Portanto, é necessário conhecer as diferenças entre eles, saber controlá-los para não incorrer em custos desnecessários que afetem o bom funcionamento do negócio e cumprir as obrigações fiscais que os mesmos acarretam.
Despesas financeiras são todas aquelas que decorrem da utilização de recursos financeiros de terceiros para financiar as atividades de uma empresa. Por sua vez, o despesas não financeiras São aqueles que não estão vinculados à obtenção de recursos externos (desde salários de funcionários até fornecimento e transporte de mercadorias ou combustíveis).
Tipos de despesas financeiras
Uma das despesas financeiras mais comuns são os juros pagos nos empréstimos: “quando temos uma dívida com uma instituição financeira, além de devolverem o capital, eles nos cobram uma série de juros. Chamamos isso de juros de dívida”, explica Antonio Bonilla, consultor empresarial e professor de Finanças da EBF Business School. “Outras despesas financeiras frequentes são os custos implícitos de desconto em papel comercialele ‘factoring‘ e ele ‘confirmando’“acrescenta Juan José Herranz, professor do Instituto Europeu de Pós-Graduação.
Além dos mencionados, no Plano Geral de Contabilidade de Espanha estão contemplados os seguintes:
Juros, despesas e comissões:
- Juros sobre debêntures e títulos: Montante dos juros vencidos durante o ano que corresponde ao financiamento externo instrumentado em títulos de dívida.
- Juros da dívida: Valor dos juros baseado em empréstimos recebidos e outras dívidas pendentes de amortização.
- Despesas com dividendos de ações ou participações consideradas passivos financeiros: Valor a acumular no exercício correspondente a financiamento externo, instrumentado em ações ou participações no capital que deve ser contabilizado como passivo, independentemente do prazo de maturidade.
- Juros sobre desconto dos efeitos do factoring: Valor a pagar pela empresa à entidade com a qual celebrou contrato de factoring.
- Despesas com atualização de provisões: Montante do encargo financeiro correspondente às correcções de valor das provisões para actualização financeira.
Resultados de aplicações financeiras:
- Perdas de valor de ativos financeiros: inclui o valor das perdas causadas pela mensuração do valor justo de determinados instrumentos financeiros; inclui a reclassificação do valor dos passivos financeiros nesta categoria.
- Perdas em ações e títulos de dívida: Perdas que ocorrem devido ao cancelamento de registro, alienação ou cancelamento de títulos de dívida e instrumentos patrimoniais.
- Perda de créditos não comerciais: Valor resultante da insolvência deste tipo de créditos. Trata-se de empréstimos concedidos a funcionários da empresa e outras empresas independentes ou ao grupo.
Perdas por diferenças cambiais negativas: Aquelas que ocorrem na mudança de uma moeda para outra diferente da funcional. - Outras despesas financeiras: Inclui as despesas não incluídas em outras contas do subgrupo. Um exemplo são os prêmios de seguros relacionados a riscos financeiros.
Tipos de despesas não financeiras
“São os responsáveis diretos pelo funcionamento da empresa”, afirma Juan José Herranz. “Eles fazem parte do que chamamos de despesas operacionais da empresa ou do autônomo”, explica Antonio Bonilla.
“Seriam os custos derivados do suprimentosos estoques que são consumidos na atividade, serviços estrangeiros, leasing, transporte, publicidade, consultoria, advogados, suprimentos, combustível, etc. Além disso, haveria saldos e salariosque constituem um dos itens mais importantes.”
A importância do orçamento para gerenciar despesas em uma empresa
Para que um negócio tenha uma boa saúde financeira é importante controlar os gastos, e a melhor forma de fazer isso é por meio de um orçamento. Há um grande número de aplicativos e programas de gerenciamento para prepará-lo, desde planilhas até programas de planejamento de recursos empresariais, mais conhecidos como ERPs.
Cuidar da contabilidade e manter a planilha de receitas e despesas atualizada é fundamental para saber em que situação o negócio se encontra e quais recursos ele tem disponíveis. Esse controle deve seguir estas etapas:
- Automatize pagamentos: As ferramentas tecnológicas permitem ter conhecimento dos gastos, verificar as rotas de entrada e saída do dinheiro e detectar áreas onde os custos podem ser eliminados.
- Tenha linhas de crédito flexíveis e rotativas disponíveis para fundos adicionais quando necessário: Quando tiver que recorrer a eles, deverá verificar as taxas de juros, as condições de pagamento e as formas de reduzir ao mínimo as despesas associadas.
- Em caso de dificuldades financeiras, renegociar com fornecedores Termos de pagamento.
- Informatizar a gestão de estoque: Ferramentas de análise e inteligência artificial (IA) Eles podem ajudar a dimensionar corretamente as necessidades de estoque, minimizar despesas ou fazer a transição para um modelo operacional e de vendas sob demanda.
- Adote ferramentas de tecnologia financeira: Os aplicativos de tecnologia financeira ajudam a operar com dinheiro de forma mais ágil.
- Aproveite a economia de custos para maximizar os lucros: Verifique quais opções de pagamento e ofertas de provedores oferecem o maior potencial de economia.
Existem vários fatores que podem levar a maiores despesas financeiras. “Ele excesso de estoquecaso haja estoque; cobrar com atrasotem problemas pagamento atrasado com clientes ou antecipar pagamento a fornecedores, o que gerará necessidades recorrentes de financiamento que poderão ser cobertas com recursos próprios ou, se não for possível, com financiamento externo que acarreta despesas elevadas”, afirma Antonio Bonilla. “Às vezes o prazos de armazenamento para cobrança e pagamento a fornecedores. Se estes prazos forem bem geridos, será possível determinar quais as necessidades dos financiamento”.
Antes de gastar, segundo Juan José Herranz, “é preciso avaliar necessidades de financiamento e situação de viabilidade”. Uma vez tomada a decisão, é aconselhável avaliar todas as opções disponíveis no mercado. “Se vamos adquirir máquinas ou transportes, optaremos por um empréstimo de longo prazo (entre 3 e 10 anos), pois é uma compra cara e terá vida útil na empresa por muitos anos”, afirma este especialista . “Os bancos podem fornecer-nos financiamento, mas também podemos recorrer ao arrendamento financeiro ou leasing, tanto bancário quanto aquele fornecido pelo fornecedor. Por outro lado, se o que precisamos é de liquidez de curto prazo, teremos que aproveitar os descontos comerciais oferecidos pelos nossos clientes ou negociar uma linha de crédito de curto prazo com o banco.”
Quando a decisão de solicitar financiamento já foi tomada, é preciso analisar com muita atenção alguns fatores prévios. “Normalmente, as despesas com dívidas de curto prazo são mais penalizadas: cartões de crédito, empréstimos de curtíssimo prazo, políticas de crédito…” explica Antonio Bonilla. “É importante vincularmos o objetivo do financiamento ao seu prazo.”
Como são deduzidas as despesas financeiras e não financeiras
Todos os trabalhadores independentes e PME têm de assumir despesas, que podem posteriormente ser deduzidas no pagamento de impostos, embora de formas diferentes. “No caso dos trabalhadores independentes, é deduzido na sua declaração de imposto sobre o rendimento das pessoas singulares, na declaração de rendimentos, quer por estimativa direta, quer na forma como são tributados”explica Antonio Bonilla. “No caso das PME, através do imposto sobre as sociedades, o primeiro milhão de euros de despesas financeiras pode sempre ser deduzido sem limites. Se tivessem mais de um milhão de euros de despesas financeiras, o que não é comum, o excesso poderia ser deduzido mas com um limite de 30% do lucro operacional.”.
“Todos os encargos com juros e comissões decorrentes da utilização de instrumentos de gestão de cobranças e empréstimos financeiros devem figurar como ‘Despesas financeiras’ na demonstração de resultados. Por outro lado, as comissões deverão aparecer em ‘Serviços bancários e similares’”, dentro de ‘Serviços externos’”.